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sábado, 15 de março de 2014

A sétima sala


                 Quando enjoei de todas as nossas músicas pensei ter lhe superado, mas aí senti seu cheiro, encontrei um paradoxo, e o pior! Ele nem estava em você! Me apaixonei de novo, mas agora ouço outras músicas, você agora é outra, ou eu seria o outro?                       
                     Sendo mais claro, eu nos seccionei! Nossas músicas na sala um, promessas, planos e projetos na sala dois, lembranças sala três, sexo sala quatro, jeitos e gestos sala cinco, tonalidades e cores na sala seis, e por último, seu cheiro, "SALA 7", tranquei a porta e fechei nossa repartição uma secção por vez, era o fim, levei meu cheiro e deixei o seu, girei a chave como um golpe de misericórdia e sangrei aquela porta até a morte.
                       Na sala seis as paredes tinham tons de pele quase humanos e o piso era quase translucido como olhos d'água, eu tentei não tocar nada, mas o chão refletia o teto como se olhasse nos meus olhos e antes que as paredes me abraçassem, bati a porta, girei a chave como um golpe de misericórdia e sangrei aquela porta até a morte. 
                     Na sala cinco parecia tudo tão simétrico que saí a fim de não quebrar a proporcionalidade, só cabia você naquela sala, eram muitas peculiaridades, na sala quatro só apaguei as luzes pois era sempre assim que era, com as luzes apagadas, o resto ficava entre quatro paredes, em ambas girei a chave como um golpe de misericórdia. A sala três estava cheia, repleta, e se enchia cada vez mais do som que atravessava as paredes da sala quatro, a sala dois, essa sim! Era perfeita! Ampla e bem planejada, afinal guardava planos, tudo regado ao som que atravessava as paredes dá sala um, era uma cena de filme em seu ápice, fechei a porta bem devagar, girei a chave como uma golpe de misericórdia e saí de lá mais maduro.
                   Assim que entrei na sala um, diminui o volume, e decidi que me sentaria naquele santuário até encher o saco da play list, quando resolvi sair de la, já fazia a barba há uns dois anos, tinha emprego fixo e não morava com meus pais, desliguei o som, encostei a porta, dei uma volta na chave e notei que por debaixo da porta da sala sete e pelas brechas seu cheiro se espalhara por todo corredor, entrei de volta na sala um, por debaixo dá porta seu cheiro estava lá, sala dois, seu cheiro, sala três seu cheiro outra vez! Foi assim na quatro, na  cinco e seis! Só me restou a " SALA 7 ", nem cheguei a tocar na chave, como um golpe de misericórdia você entrou em mim e me sangrou até a morte, nasci de novo, acho que agora sou outro, o outro.

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