No primeiro mês eu suei ao bater na sua porta, e foram assim todos os dias durante um ano e três meses. Vagas vezes, por motivos diferentes, você abria um sorriso e eu entrava tratorando o mundo, você me imunizou do resto e adoeceu a gente, você Letícia, aconteceu a parte, mas participou, e sabe! Não havia uma apólice que nos assegurasse de um colapso, não havia uma noite sequer em que você não coubesse ou um dia em que você não me reprovasse, eu amava aquele olhar incisivo e claro e o modo como ele avançava cortante, sua boca cantava os gestos regentes daquela raiva e de alguma forma onipresente você era meu Deus naquele instante.
Quando retornei ao momento, impotente, encontrei sua voz já compreensiva numa citação que derramava ecos na minha mente:
"Você é um piano, e eu tiro muitas notas bonitas dele, mas não dá pra carregar um piano nas costas."
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