O
silêncio é absoluto como a morte, que vem em nome do nada, não da
o mínimo suporte, porém, descansa pleno no velório todo seu
trabalho casado ao sono dos justos e injustos amores, tão cafona o
silêncio que até calo quando me apaixono, tão escuro que quando
penso fecho os olhos, e se fixo em outros é profundo. O silêncio é
profundo! É íntimo de todos, é intimidador tão quanto é cárcere
dos tímidos.
As horas
se propagam mudas e o mundo nem fala sobre o assunto, o silêncio é
a festa de todas as calmas e prisão geral dos túmulos, nada
preenche tudo como ele se faz presente no primeiro encanto. Eu
rasgaria com um grito a dor de suportar calado se não fosse sagrado
do silêncio ser toda resposta, mesmo que em sua maioria seja uma
pergunta.
Minha
garganta cheia de silêncio, nunca quebrou o equilíbrio do templo
nem por um soluço, que dirá por esforço próprio, enquanto esteve
aberta empurrei na goela todo oco de Grand Canyon, quando abri os
olhos lhe vi, e uma lasca de cada calada da noite dos Alpes
transpassou a carne do meu corpo sem ruído, parecia felicidade, até
tocar pela boca o oco da minha garganta, e romper o meu silêncio com
o eco da sua queda no meu corpo, já era tarde para dizer que em
minha boca fechada não entraria uma moça sequer que me beijasse na
surdina da madrugada muda, eu ainda sinto sua falta, você me ensinou
a lidar com o barulho, mas de tudo que levou o que mais faz falta é
o silêncio.
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